Premiere Combate

sábado, 17 de janeiro de 2009

Choi Hong Hi

O PODEROSO TAEKWONDO MILITAR DO CHENERAL CHOI HONG HI

A grande e absoluta maioria dos mestres pioneiros enviados pelo Gen. Choi Hong Hi ao mundo afora para divulgar a arte na década de 60 e 70; serviram no Exército sul coreano onde praticaram e tornaram-se instrutores, do poderoso e eficiente Taekwondo militar do Gen. Choi, pois na década de 50 o Pres. Rhee (1875-1965) após assistir uma demonstração da arte comandada pelo próprio Gen. resolveu tornar obrigatório a prática para todos os militares, sendo então criada a 29ª Divisão de Infantaria pelo Gen. Choi como a Divisão responsável pelo treinamento da arte nas Forças Armadas da República da Coréia.
O n° 29 tinha o seguinte significado: o 2 representava a Divisão da Península e o 9 representava o punho do Gen. E como símbolo desta, Choi colocou o desenho de seu punho na bandeira desta Divisão. Todos os militares com alguma experiência em Artes Marciais foram chamados para formarem esta famosa Divisão, posteriormente militares com experiência em artes marciais e que estavam servindo em outras Unidades eram transferidos para esta Divisão, inclusive faixas coloridas e também faixas pretas recebiam um treinamento intensivo técnico e físico, muito bem planejado e também muito rigoroso, pois nesta Divisão a disciplina, organização e dedicação eram muito mais enfatizadas tudo isto era fielmente seguido a risca, portanto sempre havia muito empenho dos praticantes justamente no intuito de aumentar o seu respectivo nível (gub) para os faixas coloridas ou dan para os faixas pretas, então eram enviados para treinarem outras Divisões, quando era esgotado o seu manancial de técnicas, eles então retornavam a 29ª Divisão para aumentarem seus conhecimentos ou seja receberem treinamentos de aprimoramento e evolução. Portanto era feito um rodízio de equipes de instrutores no treinamento dos militares das Forças Armadas Sul Coreanas, inclusive com equipes de novos peritos. Eventualmente uma equipe de instrutores de elite, chamados de "Instrutores de Taekwondo para recrutas" eram colocados em diferentes Divisões para ensinar a arte do Gen. Um dos fatos mais pitorescos, foi a específica ordem do Gen. aos militares desta Divisão. Durante as aulas (treinamentos) no Ginásio, todo aluno tinha de saudar o instrutor (baixar a cabeça) independente da graduação militar, fora do Ginásio a saudação militar (continência) prevalecia a hierarquia. Anos mais tarde estes instrutores de elite, vieram em grande nº justamente através do serviço militar compulsório. O melhor dos diferentes estilos de TKD como Tang Soo Do, Karatê e outros estilos duros, juntavam-se no Exército. Peritos de alto nível com grande experiência e altas graduações eram testados, selecionados e designados, como oficiais para ensinar (o estilo militar do Gen. Choi. O TKD Oh Do Kwan) para os militares das Forças Armadas. Eventualmente sob o serviço militar compulsório de 3 anos na Coréia, cada soldado foi apresentado ao estilo de TKD do Gen. Choi.


No Exército, o Karatê coreano de vários estilos foi unificado no Taekwondo do Gen. Choi. Os melhores instrutores dos diferentes estilos uniram-se e aperfeiçoaram as técnicas assim estabelecendo em um único estilo tudo o que tinham pesquisado, estudado e praticado. Mais tarde isto perpetuou-se em uma arte marcial muito efetiva. Implementação de novas técnicas ou a eliminação de velhas técnicas eram feitas de uma maneira muito rápida e prática. Uma simples ordem do comando superior teria a nova técnica ensinada no mesmo dia ou as vezes no próximo dia sem qualquer contestação. Foram emitidos manuais de TKD militar para padronizar os diferentes estilos em um único. A combinação de exercícios militares, táticas de combate na guerra, com a arte marcial tornou a Divisão ainda mais superior e famosa, a única entre todas as Divisões do Exército sul coreano . Eles estavam totalmente aptos, prontos, habilitados a lutar qualquer momento , com ou sem armas.
Na 29ª , instrutores de TKD de altas graduações os quais também eram peritos em outras artes marciais como Hapkido e Judo treinaram seus colegas com o puro TKD e também ensinando as melhores, mais práticas, eficientes e efetivas técnicas de suas outras respectivas artes, principalmente no combate a curta distância, como chaves, imobilizações etc. Era a arte marcial na sua pura essência, inclusive desenvolveram novas técnicas no sentido de superar aos outros estilos de TKD de não militares. O estilo militar evoluiu para um único estilo, inclusive com uma ampla gama de técnicas complementares desenvolvidas para o combate livre, além do extraordinário preparo físico, onde era praticado exaustivamente a força, precisão, resistência, flexibilidade, velocidade, noção de distância na luta, também era muito praticado: técnicas de desarme da faca (punhal), desarme de revólver e pistola, técnicas de fuzil com baioneta, inclusive luta contra 2, 3 . Estas técnicas também incluíam defesa pessoal básica e avançada, quebramentos, saltos, equilíbrio, interceptação de chutes, contra-ataques, quedas, arremessos, técnicas com bastão , rasteiras, pontos de pressão mais outros movimentos secretos (como pontos vitais) para instantaneamente matar ou ferir. Seu lema "Um golpe, uma morte."
Os melhores dos melhores instrutores no Exército tinham catapultado o estilo do Gen. Choi em um dos melhores estilos de Taekwondo. Cada instrutor no Exército, vindos dos diferentes estilos do Karatê coreano, contribuíram muito para o crescimento do TKD do Gen. Choi. Isto é a principal razão provável de que os antigos instrutores da ITF, vindos do Exército sul coreano, assim como seus seguidores ainda permaneçam como os melhores instrutores de Taekwondo hoje em dia. Dois dos maiores e mais conceituados mestres em todos os tempos, os lendários mestres Nam Tae Hi e Han Cha Kyo (1934-1996) , também foram instrutores iniciadores desta famosa Divisão, os quais posteriormente demonstraram o TKD no Vietnã em 1959 e posteriormente o ensino regular em 1962 neste país.

Peritos de alto nível selecionados para o Exército enquanto ainda estavam na ativa também foram enviados para o mundo afora para treinarem militares de nações não comunistas; a missão mais importante de todas foi durante a Guerra do Vietnã, onde eles treinaram cerca de 50.000 homens, ou seja: Tropas sul coreanas, Unidades militares do Exército sul Vietnamita e os famosos Boinas Verdes das Forças Armadas norte americanas. Choi Hong Hi tinha unificado outros estilos de TKD no seu próprio estilo militar coreano, tinha enviado delegados praticamente para todo o mundo, tinha colhido a nata do que tinha plantado, ou seja instrutores do mais alto nível, e uma formidável arte marcial tinha sido consolidada. O extraordinário preparo, a eficácia, eficiência e poderio da arte tinha sido comprovada durante a guerra do Vietnã nos terríveis campos de batalhas pelos soldados coreanos, as técnicas usadas no Exército eram distintamente diferentes do que se conhece de Taekwondo hoje em dia. Diferente do TKD esporte de hoje praticado em esteiras, tatames, pois não havia restrições de onde você pudesse golpear ou não, não havia protetores. As circunstâncias da vida e da morte nos campos de batalhas automaticamente, instintivamente, aguçaram, aprimoraram e afiaram as técnicas. Devido ao imenso rigor dos árduos, exaustivos, constantes treinamentos atingindo assim extraordinário adestramento e fabuloso condicionamento físico, técnico e mental proporcionados justamente pelo Taekwondo é que muitos soldados conseguiram sobreviver, pois somente assim conseguiram agüentar e suportar todas as terríveis agruras da guerra. O livro Guiness de recordes nos anos 70 define o TKD como "O Karatê coreano usado para matar no Vietnã." Uma das mais belas formas (Hyungs) entre todas as Artes Marciais "Hwa Rang", criada pelo Gen. Choi Hong Hi simboliza um grupo de elite de jovens guerreiros aristocratas na Dinastia Silla, possui 29 movimentos justamente em referência a lendária 29ª Divisão.
Com o rápido crescimento, reconhecimento e valorização da Oh Do Kwan, o Gen. Choi estava no topo do mundo. Quando ele reformou-se no Exército, o legado do seu TKD militar ainda continuou pelo mundo como resultado das equipes de extraordinários instrutores que ele tinha enviado anteriormente e posteriormente praticamente para todo o mundo. Ele tinha estabelecido os seguidores do real TKD, a arte marcial coreana. Os antigos mestres quando davam baixa do Exército tinha adquirido total domínio da arte ou seja muito mais conhecimento, perícia, habilidade, técnicas muito mais complexas e eficientes em relação a quando tinham entrado no Exército. Muitos optaram em ensinar TKD pelo mundo como discípulos do Gen. Choi sob a bandeira da ITF e outros abriram suas próprias independentes Academias, porém adotando seu estilo de origem, como por exemplo Moo Du Kwan, MAS SEMPRE COM FORTE INFLUÊNCIA DOS DIAS MILITARES. Organizações civis de TKD não afiliadas com o TKD militar eram taxadas de não ser o autêntico, real TKD. A sólida base dos instrutores avançados do Gen. Choi dominaram a cena do TKD internacionalmente e também mestres sem formação militar adotaram o estilo do Gen. Choi.
Fonte: Alcione Prestes Costa
TuKiDo/2002

Yip Man

O Grande Mestre
YIP MAN
O Grande difusor do Estilo Ving Tsun de Kung Fu - existe muitas divergências na grafia fonética deste estilo. Algumas vezes ele aparece grafado como Wing Chun , Wing Tsun ou Wing Tchun. Optamos por Ving Tsun por ser a grafia oficial do "Hong Kong Ving Tsun Athletic Association", do mestre Yip Man.Mestre Yip Man morreu em 2 de dezembro de 1972.
BIOGRAFIA DO MESTRE

Yip Man nasceu em uma família abastada, cujo templo era dirigido pelo Mestre Chan Wah Shun, "Wah, o Trocador de Dinheiro", do estilo Wing Chun (ou Ving Tsun) de Kung Fu.
Yip Man treinou com o Mestre Wah até o seu falecimento, três anos depois. Nessa época ele se mudou para Hong Kong para prosseguir os estudos de graduação.
Yip Man vivia se envolvendo em brigas onde sempre vencia graças à eficiência de seu Kung Fu. Um dia convidaram-no para enfrentar um senhor de seus 50 anos de idade, que diziam conhecer artes marciais.
Ele aceitou imediatamente e procurou o homem para desafiá-lo. Este o olhou de alto a baixo e sorriu, perguntando se ele havia treinado com o venerável Mestre Chan Wah Shun, de Fatshan e se ele já havia aprendido o Chum-Kiu (segunda forma do estilo Ving Tsun).
Yip Man não ouviu o que o homem dizia, pois teria percebido que apenas um conhecedor do estilo poderia saber esses detalhes. Vendo que não havia outra alternativa, o homem disse que Yip Man poderia atacar como quisesse, que ele tentaria não machucá-lo.
Isso enfureceu o adolescente, que atacou diversas vezes. O homem apenas esquivava seus golpes e o jogava ao chão até que Yip Man reconheceu sua derrota. O senhor finalmente se apresentou: era Leung Bik, o segundo filho do Grande Mestre Leung Jan, professor do Mestre de Yip Man.
Yip Man se desculpou e solicitou que o aceitasse como discípulo. Dessa forma Yip Man concluiu os estudos do Ving Tsun aos 24 anos, quando retornou a Fatshan.
De volta à sua terra natal, foi acusado de desertor e de ter aprendido outro estilo de Kung Fu. Levou muito tempo para convencer seus colegas do encontro com Mestre Leung.
Yip Man, fiel à promessa feita ao seu Mestre, primeiramente se recusou a ter alunos. Depois da Segunda Guerra Mundial, já pai de família e com a sua fortuna arrasada pela guerra, voltou a Hong Kong para tentar ganhar a vida. Refinado e sem grandes dotes físicos, teve muita dificuldade para arranjar emprego.
Finalmente foi convencido por um amigo a dar aulas de Kung Fu na Associação dos Trabalhadores em Restaurantes de Hong Kong. Com o passar do tempo juntou um punhado de discípulos com os quais fundou sua primeira academia. Seus alunos enfrentaram muitos desafios que tornaram o Ving Tsun famoso e muito procurado.
Em 1967 ele fundou a Hong Kong Ving Tsun Athletic Association, entidade que ainda hoje representa aquele estilo em Hong Kong e foi o berço de todos os Grandes Mestres de Ving Tsun da atualidade.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Morihei Ueshiba

Em 1883, nasceu em Tanabe, Japão, o Fundador do AIKIDO, Morihei Ueshiba, cuja excepcional aptidão e paixão pelas artes marciais levou-o a praticar e tornar-se mestre em várias delas: Yagyu ryu Jiu jitsu, Shinkagueryu Kenjutsu, DaitoryuAikibujutsu,entre outras.Além disso, dedicou-se aos estudos de uma religião original e tradicional do Japão.Consagrado como “Homem Invencível” dedicou-se a aprofundar sua espiritualidade,atingindo o Satori (Iluminação). A partir da visão de que a origem do Budo (Caminho do Guerreiro) é a manutenção do espírito de amor universal, compreendeu que as artes marciais não deveriam ser um instrumento para conduzir o mundo à destruição pelas armas, mas sim um caminho para realizar o pleno potencial divino contido no homem. Esta notável visão foi o início do AIKIDO.Tecnicamente assemelha-se a diversos estilos de JIUJUTSU,de bastão (JOJUTSU) e de espada (KENJUTSU). Mesmo o princípio de não se chocar com a energia dos oponentes e nem se deixar envolver por seus movimentos, envolvendo-os no fluxo de sua energia, já eram conhecidos e praticados pelas diversas artes marciais existentes. O “Ki”, em que as técnicas são executadas e treinadas concentrando-se na idéia de captação da energia universal pela auto-purificação e na não destruição do adversário.Em todo treinamento de AIKIDO os praticantes são incentivados à autoconsciência, a colocarem-se em harmonia com o parceiro,com a natureza e com a vontade de Deus. Inicialmente, o AIKIDO era ensinado somente a pessoas de alto nível moral e intelectual, a quem era imposta a condição de já serem praticantes em nível de 5º Dan (grau de faixa preta) de alguma outra arte marcial, vindo a ser divulgado em outros países somente após a Segunda Guerra Mundial.
"O coração do AIKIDO é: Verdadeira vitória é vitória sobre si, dia de instantânea vitória! "Verdadeira vitória" significa infinita coragem; "Vitória sobre si" simboliza incansáveis esforços; e "Dia de instantânea vitória" representa o glorioso momento do triunfo no aqui e no agora. AIKIDO é livre de formas rígidas, responde a qualquer contingência, deste modo assegura-nos a verdadeira vitória; ele é invencível pois não luta com ninguém. Realize: Verdadeira vitória é vitória sobre si, dia de instantânea vitória, e você estará hábil a integrar os fatores interno e externo da prática, limpe seu caminho de obstáculos e purifique seus sentidos.
A Vida de Morihei Ueshiba
Morihei Ueshiba nasceu no dia 14 de dezembro de 1883 em Tanabe, província de Wakayama. Ele foi o quarto e mais velho filho de Yoroku Ueshiba, um próspero fazendeiro, que possuía dois hectares de terra nativa. Seu pai era um membro muito respeitado da comunidade local, servindo como conselheiro do vilarejo por vinte anos, enquanto sua mãe, Yuki Itokawa, vinha de uma família de proprietários de terra de descendência nobre. Por volta dos sete anos, Morihei foi enviado a Jizodera, um templo budista da seita Shingon próximo de sua cidade, para estudar os clássicos de Confúcio e as escritas budistas. Cativado pelas narrativas miraculosas contadas sobre o santo budista Kôbo Daishi, ele começou a sonhar repetidamente com o que ouvia, o que causou certa apreensão a seu pai.
Yoroku, no entanto, o encorajou a praticar mais atividades físicas, ensinando-lhe sumo e natação.Morihei formou-se pela Escola Elementar de Tanabe, e foi admitido na recém fundada Escola Secundária do Distrito de Tanabe, aos 13 anos de idade. Entretanto, abandonou o colégio antes mesmo de se formar, indo para o instituto Yoshida Abacus. Obtendo seu diploma, conseguiu um emprego no Departamento de Impostos de Tanabe, onde uma de suas atividades incluía a avaliação de impostos prediais e territoriais. Morihei demitiu-se de seu emprego no Departamento de Impostos em 1902, após se juntar a um movimento popular contra a nova legislação pesqueira, indo a Tóquio com o objetivo de recomeçar novamente como homem de negócios. Por algum tempo, trabalhou como funcionário do distrito comercial de Nihombashi, morando no local do emprego, antes de iniciar seu próprio negócio, uma companhia de suprimentos para escritórios e escolas, a Ueshiba Trading. O mais importante é que, durante essa primeira estada em Tóquio, Morihei começou os estudos de artes marciais, aprendendo os tradicionais ju-jutsu e kenjutsu. Mais tarde, no mesmo ano, contraiu beribéri e foi forçado a sair de Tóquio.
Logo após seu retorno a Tanabe, casou-se com Hatsu Itokawa, nascida em 1881, a quem conhecia desde a infância.
Em 1903, Morihei alistou-se no 61º Regimento da Quarta divisão de Osaka, onde foi apelidado de "o Rei dos soldados" por sua habilidade com a baioneta, por seu árduo trabalho e grande honestidade. No ano seguinte ao início da guerra russo-japonesa, Morihei foi enviado à frente de batalha como cabo e, ao retornar, foi promovido ao posto de sargento, em reconhecimento à sua bravura e valentia no campo de batalha. Durante os períodos livres de sua vida militar, Morihei continuou a praticar artes marciais, ingressando no dojo de Masakatsu Nakai em Sakai, onde aprendeu Yagyu-ryu ju-jutsu na escola Goto.
Em 1907, Morihei foi dispensado do exército e voltou a Tanabe, onde trabalhou na fazenda da família e participou da vida política da vila, tornando-se o líder da Associação dos Jovens local.Durante esse período, seu pai propôs ao judoca Kiyoichi Takagi, então em visita a Tanabe, que fosse professor de Morihei, transformando o depósito da fazenda em dojo. Foi então que Morihei aprendeu o estilo Kodokan de judô. Continuou também a freqüentar o dojo de Nakai, recebendo o certificado da escola Goto. Morihei continuou em Tanabe pelos próximos três anos, envolvendo-se em diversar atividades locais. Em 1910, ano em que sua filha mais velha, Matsuko, nasceu, Morihei interessou-se por um plano governamental para povoar a ilha de Hokkaido, situada ao norte do Japão. Decidiu então formar um grupo de colonização, requisitando voluntários da Associação dos Jovens local.Tornou-se líder do grupo Kishu, formado por cinqüenta e quatro famílias (mais de oitenta pessoas) e, em março de 1912, partiram de Tanabe em direção a Hokkaido. Chegaram em maio, estabelecendo-se em Shirataki, próximo ao vilarejo de Yobetsu, local escolhido por Morihei em uma visita anterior à ilha. Essa área, onde ainda hoje se situa o vilarejo de Shirataki, era então um terreno selvagem, o que obrigou os colonizadores a lutar muito contra as condições dificílimas de clima e solo até conseguir deixá-lo em condições para cultivo. Apesar de tudo, o grupo Kishu obteve sucesso implementando diversas atividades, como o cultivo de menta, a criação de cavalos, a produção de leite e também abertura de uma indústria madeireira. Morihei fez mais que o possível para assegurar o sucesso dessas.
Mas em 23 de maio de 1927, Shirataki foi completamente destruída por um grande incêndio. Na primavera seguinte, Morihei, membro do Conselho do vilarejo, dedicou-se totalmente à reconstrução do local. Em julho do mesmo ano, o filho mais velho de Morihei, Takemori, nasceu. Em meados de novembro de 1919, Morihei ficou muito abalado ao receber a notícia de que seu pai estava gravemente doente. Deixou então Hokkaido para retornar a Tanabe, encerrando após oito anos seu período em Shirataki.
Em sua viagem de volta, soube que o líder da nova e crescente religião Omoto-kyo, Onisaburo Deguchi, famoso por suas técnicas de meditação chinkon kishin, acalmar o espírito e retornar ao divino, residia em Ayabe até 28 de dezembro. Fez um pedido a Onisaburo para que orasse por seu pai, mas Onisaburo respondeu, "Seu pai está bem como está".
Palavras que marcaram profundamente Morihei. Yoroku Ueshiba veio a falecer em 2 de janeiro de 1920, com a idade de 76 anos. Sua morte causou grande impacto em Morihei e, após uma fase de instabilidade emocional, decidiu mudar-se para Ayabe, em busca de uma vida mais espiritual, sob a supervisão de Onisaburo Deguchi. Conseguiu uma casa, atrás da escola primária, no local sagrado da Omoto-kyo, e nela viveu nos oito anos seguintes, até mudar-se para Tóquio, em 1928.Durante todo esse tempo, gozou da confiança absoluta de Onisaburo, tomando parte em várias práticas espirituais da seita. Também com o apoio de Onisaburo, Morihei converteu parte de sua casa em um dojô, com dezoito tatames, e abriu a Academia Ueshiba, onde ensinou cursos introdutórios de artes marciais, na maior parte para seguidores da seita Omoto-Kyo. Infelizmente, o primeiro ano de Morihei em Ayabe foi marcado por outra tragédia pessoal, a perda de seus dois filhos por doença. Takemori faleceu em agosto, com três anos de idade, e, em setembro, seu segundo filho, Kuniharu, veio a falecer, com um ano de idade.No ano seguinte à mudança de Morihei para Ayabe, os ensinamentos fornecidos na Academia Ueshiba aumentaram gradualmente, tanto em habilidade e alcance como em espiritualidade, e os rumores de que em havia um excepcional mestre em artes marciais morando em Ayabe começaram a se espalhar.
O número de não-seguidores da Omoto-kyo que ingressavam na Academia Ueshiba começou a crescer, e muitos marinheiros da base naval de Maizuru, que ficava nas proximidades, começaram a treinar ali.Em 11 de fevereiro de 1921, as autoridades repentinamente invadiram a sede da seita, o que ficou conhecido como o Primeiro Incidente Omoto, prendendo várias pessoas, inclusive Onisaburo. Por sorte, o incidente não afetou em nada a Academia Ueshiba.1921, foi também o ano de nascimento de Kisshomaru Ueshiba.Nos dois anos seguintes, Morihei tentou ajudar Onisaburo, que havia sido posto em liberdade condicional, a reconstruir a seita Omoto-kyo.Ele assumiu a administração de novecentos tsubo de terra em Tennodaira, na qual trabalhou enquanto continuava ensinando na Academia Ueshiba.
Dessa maneira, foi capaz de compreender, no dia-a-dia, a existência de uma união essencial entre as artes marciais e a agricultura, algo que estava dentro do seu coração e se tornaria um tema constante em toda a sua vida. Por volta dessa época, a prática de Morihei das artes marciais começou gradualmente a adquirir um caráter mais espiritual, na medida em que se envolveu cada vez mais nos estudos do kotodama. Isso o levou pouco a pouco a se libertar das práticas convencionais do Yagyu-ryu e do Daito-ryu ju-jutsu e a desenvolver um estilo próprio usando e aplicando os princípios e técnicas em conjunto, para quebrar as barreiras entre mente, espírito e corpo. Em 1922, essa aproximação mais tarde foi chamada de "aiki-bujutsu", mais conhecida pelo público em geral como Ueshiba-ryu aiki-bujutsu.
Em 1924, Morihei embarcou numa aventura que se revelaria crucial para seu desenvolvimento espiritual. No dia 13 de fevereiro, partiu secretamente de Ayabe com Onisaburo, em direção à Manchúria e à Mongólia, em busca de um local sagrado, onde pudessem estabelecer um novo governo mundial baseado em conduta e princípios religiosos. No dia 15, chegaram a Mukden, onde se encontraram com Lu Chang K'uei, um famoso déspota da Manchúria. Juntamente com Lu, lideraram o Exército Autônomo do Noroeste, também conhecido como Exército para a Independência da Mongólia, no interior do país. Nessa época, foi dado a Morihei o nome chinês de Wang Shou Kao. Entretanto, essa expedição foi malfadada; seus integrantes foram vítimas de um complô armado por um outro déspota, chamado Chang Tso Lin, e quando chegaram a Baian Dalai, em 20 de junho, viram-se cercados pelo exército chinês, que esperava prendê-los. Morihei, Onisaburo e outros quatro foram sentenciados à morte. Afortunadamente, momentos antes da execução, um membro do consulado do Japão interveio, assegurando sua liberação e retorno seguro e imediato ao Japão.
Morihei retornou à sua vida normal, unindo a prática de artes marciais e a agricultura, ensinando na Academia Ueshiba e trabalhando na fazenda em Tennodaira. Interessou-se por sojutsu, técnicas com lança, e continuou a praticar intensamente técnicas com espadas e ju-jutsu.Claramente as coisas já não eram mais as mesmas. A expedição à Manchúria e Mongólia o afetou profundamente, particularmente por suas experiências de confronto, sob fogo de artilharia, com a morte, nas quais descobriu que conseguia ver os rastros luminosos dos tiros, descobrindo o caminho de onde vinham. A descoberta desse sentido de intuição foi uma imensa experiência para Morihei que, após retornar ao Japão, freqüentemente se deparou com situações nas quais sentiu a mesma manifestação dessa força espiritual.
Na primavera de 1925, Morihei encontrou-se com um oficial naval e mestre de kendo. Aceitou o desafio do oficial e o derrotou sem lutar, conseguindo simplesmente sentir de que direção os golpes estavam vindo antes que o oficial pudesse tocá-lo com o "bokken", espada de madeira.Imediatamente após esse encontro, foi lavar-se num posso próximo, onde sentiu uma serenidade completa de corpo e espírito. De repente sentiu que estava se banhando em uma luz dourada que vinha do céu. Foi uma experiência sem igual para ele, uma revelação na qual sentiu-se renascer, transformando seu corpo e sua mente em ouro. Ao mesmo tempo a união de seu ser com o universo tornou-se clara para ele, compreendendo assim um por um os outros princípios filosóficos nos quais o Aikido se baseia. Também foi dessa maneira que entendeu ser melhor dar o nome à sua criação de aiki-budo, ao invés de aiki-bujutsu.A substituição do por jutsu muda o sentido da arte marcial aiki para o caminho marcial de aiki.
Com maior divulgação, o aiki-budo atraiu um grande número de seguidores ilustres, incluindo o Almirante Isamu Takeshita. No outono de 1925, Morihei foi convidado a visitar o Almirante em Tóquio. Hospedou-se na residência do ex-Primeiro Ministro, Gombei Yamamoto, onde deu uma demonstração de arte marcial para várias autoridades, deixando a todos muito impressionados.Morihei também ensinou artes marciais por vinte e um dias no Palácio do Principado.A convite do almirante Takeshita, retornou a Tóquio na primavera de 1926. Deu aulas na Corte Imperial e no Ministério da Família Imperial, treinando tanto elementos da marinha e do exército como pessoas que trabalhavam com empresas do ramo financeiro. A permanência de Morihei em Tóquio foi por demais prolongada, mas no verão daquele mesmo ano adoeceu com um problema intestinal e foi forçado a retornar a Ayabe para repousar.
Em fevereiro de 1927, ao receber novo convite do Almirante Takeshita, sentiu que não teria alternativa senão deixar Ayabe pela terceira vez. Com a bênção de Onisaburo, mudou-se permanentemente para Tóquio, canalizando todas as suas energias para estabelecer-se como um mestre em artes marciais na capital.Após dois anos em acomodações temporárias, mudou-se para uma casa próxima ao templo de Sengaku em Kurama-cho, onde converteu dois quartos, de oito tatames cada, em um dojo. Seus alunos incluíam Isamu Fujita, Shoyo Matsui e Kaizan Nakazato e também o ator de kabuki Kikugoro Ennosuke VI.
Em 1930, ao conseguir uma casa maior nos subúrbios de Ushigome, Wakamatsu-cho, iniciou a construção de um novo dojo. Em outubro de 1930, enquanto os trabalhos estavam apenas começando, instalou um dojo temporário em Mejirodai, onde recebeu a visita de Jigoro Kano, o fundador do judô e chefe do Kodokan.
Kano ficou impressionado pelas técnicas de Morihei, elogiando-o muito e dizendo, "Esse é meu budo ideal". Kano enviou, mais tarde, dois de seus alunos, Jiro Takeda e Minoru Mochizuki, a fim de serem treinados por Morihei.
Outra visita inesquecível foi a do General Makoto Miura, em 1930. O general, incrédulo com o novo budo criado por Morihei, visitou o novo dojo com o objetivo único de derrotá-lo. Morihei superou completamente a expectativa de Miura, que acabou inscrevendo-se como aluno na mesma hora. Logo em seguida, a pedido do major-general, Morihei tornou-se instrutor na Academia Militar de Toyama. Em abril de 1931, um novo aiki-budo dojo em grande escala, com oitenta tatames, inaugurado como Kobukan, passou a funcionar em Wakamatsu-cho, no mesmo local onde se localiza o dojo principal nos dias de hoje.Muitos alunos se matricularam, incluindo Hisao Kamata, Hajime Iwata, Kaoru Funabashi, Tsutomu Yugawa e Rinjiro Shirata. Nos dez anos seguintes o aiki-budo teve sua primeira fase dourada. Ao mesmo tempo, o Kobukan era popularmente conhecido como o "dojo do inferno", pela intensidade extraordinária de treinos que aconteciam ali. Esses dez anos foram extremamente movimentados para Morihei. Agora já não era instrutor somente do Kobukan, mas de muitos outros dojos abertos em Tóquio e Osaka.
O dojo principal era o Otsuka Dojo, em Koishikawa, patrocinado por Seiji Noma, chefe administrativo do Kodansha, o Fujimi-cho Dojo, em Iidabashi e, em Osaka, o Sonesaki Dojo, o Suida Dojo e o Chausuyama Dojo. Os ushi-deshi, estudantes que moravam no dojo, mais destacados eram Shiguemi Yonekawa, Zenzaburo Akazawa, Gozo Shioda e Tetsumi Hoshi. Sob recomendação de um dos seguidores, Kenji Tomita, chefe da Polícia Municipal de Osaka e mais tarde secretário chefe do gabinete do governador da Prefeitura de Nagano, Morihei também iniciou cursos nas delegacias de polícia na área de Osaka.Ao mesmo tempo, envolveu-se cada vez mais com o ensino no Jornal de Asahi em Osaka e, através do Clube Industrial do Japão, teve muitas oportunidades de ensinar pessoas da área de finanças.Em 1932, a Associação para Promoção das Artes Marciais Japonesas foi fundada, e em 1933 Morihei tornou-se seu presidente. Em maio de 1933, uma academia de treino em horário integral, chamada Takeda Dojo, foi montada na Prefeitura de Hyogo. Dezenas de estudantes se mudaram para lá, colocando em prática o ideal de Morihei de unir artes marciais e agricultura.
Por volta de 1935, Morihei se tornou muito famoso em todo o mundo das artes marciais. Mais do que pela sua mestria em várias artes marciais japonesas, virou alvo de atenção pública pela notável natureza de sua criação, "a união do espírito, da mente e do corpo" Morihei estava praticando kendo incessantemente no Kobukan Dojo, e vários dos praticantes de kendo freqüentavam seu dojo, entre eles Kiyoshi Nakakura, que mais tarde se tornaria genro de Morihei. Em setembro de 1939, Morihei foi convidado a ir à Manchúria para participar de uma exibição de artes marciais. Lá enfrentou o ex-lutador de sumo Tenryu, imobilizando-o com um dedo. Morihei continuou suas visitas à Manchúria mesmo após o início da Guerra do Pacífico, atuando como conselheiro em várias instituições,incluindo a Universidade de Kenkoku, com a qual se envolveu imensamente.
Sua última visita à Manchúria foi em 1942, quando participou das comemorações do décimo aniversário da fundação de Manchukuo, patrocinado pelo governo do Japão, a convite da Grande Associação de Artes Marciais, e deu uma demonstração de artes marciais na presença do Imperador Pu'Yi.Em 30 de abril de 1940, foi concedido ao Kobukan o status de fundação, incorporada ao Ministério da Saúde e Previdência. O primeiro presidente da fundação foi o Almirante Isamu Takeshita. No mesmo ano, a academia de polícia, em que Morihei dava cursos, adotou o aiki-budo como uma disciplina curricular oficial. Com o início da Guerra do Pacífico, um após o outro, os estudantes do dojo de Tóquio foram enviados ao fronte.Kisshomaru Ueshiba, juntamente com Kizaburo Ozawa e outros estudantes jovens de Aikido, foi dada a responsabilidade de manter o dojo.Em 1940, o aiki-budo foi incorporado na Budokan, órgão governamental unindo todas as artes marciais em uma só organização. Morihei nomeou Minoru Hirai para representar e dirigir o Kobukan no Setor Aiki do Butokukai. Foi nessa época que, pela primeira vez, o nome Aikido começou a ser utilizado. Em reação à natureza das novas mudanças de última hora, feitas em uma época de emergência, reduzindo o Aikido a apenas um setor do Butokukai, Morihei restabeleceu as bases da organização do Aikido na Prefeitura de Ibaragi a fim de preservar o espírito do budo, que havia sido criado para as futuras gerações. Ao encarregar Kisshomaru ao dojo de Wakamatsu-cho, Morihei mudou-se para Iwama com sua esposa, vivendo modestamente em um depósito convertido em residência até o final da guerra.
Em Iwama, Morihei iniciou a construção do que ele chamou de ubuya, sala de treinamento, ou local secreto sagrado do Aikido, um complexo incluindo o Santuário Aiki e um dojo ao ar livre. O local sagrado do Aiki, onde existem desenhos magníficos entalhados em madeira, teve sua construção completa em 1944; o Aiki Dojo, agora conhecido como o Dojo de Ibaragi Anexo do Santuário Aiki, foi concluído em 1945, pouco antes do final da guerra. Quarenta e três divindades são homenageadas no Santuário Aiki como deuses guardiões do Aikido, Morihei planejou, ele mesmo, todas as disposições e limites do Santuário Aiki, seguindo os princípios do kotodama. Por exemplo, o prédio principal, o salão para orações, o torii, e todo o traçado seguem a lei dos três princípios universais, isto é, o triângulo, o círculo e o quadrado, símbolos dos exercícios de respiração nos estudos do kotodama. "Quando o triângulo, o círculo e o quadrado são unidos em uma rotação esférica, o resultado é um estado de perfeita clareza. Essa é a base do Aikido.", explicou Morihei. Durante o período da guerra, lutei muito para preservar o Kobukan Dojo, apesar da situação piorar cada vez mais e dos bombardeios constantes de Tóquio pela força aérea dos Estados Unidos; o dojo escapou ileso, mas após a guerra foi usado como abrigo para mais de trinta famílias de desabrigados, o que impossibilitava a continuação das aulas no local. Por essa razão, o quartel-general do Aikido foi transferido para Iwama, onde Morihei continuava a viver pacificamente, trabalhando na fazenda e ensinando jovens das áreas vizinhas.
Com o final da guerra, as artes marciais sofreram um declínio por algum tempo, fazendo com que a existência do Aikido no futuro fosse duvidosa.No entanto, Morihei tinha muita fé no novo Aikido, o que nos fez trabalhar todos juntos para colocá-lo de volta em seu devido lugar no Japão pós-guerra.Quando parecia que a confusão prevalecia em conseqüência dos desastres deixados pela guerra, foi decidido mudar novamente o quartel-general do Aikido para Tóquio.No dia 9 de fevereiro de 1948, o Ministério da Educação deu permissão para o restabelecimento do Aikikai, com reservas.Durante esse tempo, o dojo principal em Tóquio era chamado de Ueshiba Dojo e Quartel-General Mundial do Aikido.Após o estabelecimento do Aikikai, foi dada a responsabilidade de consolidar a organização já existente e planejar seu desenvolvimento no futuro. Durante esse tempo, Morihei continuou em Iwama, absorvido na contemplação da prática das artes marciais.De 1950 em diante, Morihei reiniciou suas viagens pelo Japão em resposta à convites para ensinar, ministrar cursos e fazer demonstrações. Ao chegar à idade de 70 anos, sua técnica soberba fluía progressivamente de sua imensidão espiritual, em contraste com a ferocidade e força física que caracterizavam seus anos anteriores. Agora empregava mais a natureza do amor do Aikido. O primeiro caractere "Ai", que quer dizer harmonia, é lido da mesma forma que o caractere que significa amor. Em seus últimos anos, Morihei sempre enfatizou a equivalência desses dois significados. Em 1954, o quartel-general do Aikido foi transferido para Tóquio, e ao dojo de Tóquio foi dado o título oficial de Fundação Aikikai, o Hombu Dojo do Aikido.Em setembro de 1956, o Aikikai fez, pela primeira vez em público, uma demonstração de artes marciais desde o final da guerra, na cobertura da loja de departamentos Takashimaya, em Nihombashi, Tóquio. A apresentação durou cinco dias, causando ótima impressão em todas as autoridades estrangeiras presentes. Morihei foi sempre duramente contra dar demonstrações em público, mas compreendeu que o Japão entrara em uma nova era e acabou por consentir, a fim de promover o desenvolvimento do Aikido. À medida que foi se popularizando, o número de estudantes em todo o mundo aumentou rapidamente.Mesmo no Japão, novos dojos foram abertos por todo o país, e o Aikido foi difundido nas universidades, órgãos do governo e companhias, anunciando sua segunda era áurea. Conforme envelhecia, Morihei tornou-se menos ativo na direção do Aikikai, deixando-me encarregado da manutenção e instrução do Hombu Dojo. Mesmo assim, continuava a dar demonstrações, e em janeiro de 1960, a NTV transmitiu "O Mestre do Aikido", um programa que captou as técnicas do fundados em filme. Em 14 de maio de 1960, uma demonstração de Aikido foi patrocinada pelo Aikikai em Shinjuku, Tóquio. Nessa ocasião, Morihei causou enorme efeito em todos os espectadores com uma apresentação chamada de "A Essência do Aikido". Mais tarde, no mesmo ano, Morihei, juntamente com Yosaburo Uno, um décimo dan de kyudo, recebeu o prêmio Shijuhosho, pelo Imperador Hirohito. Somente a três pessoas do mundo das artes marciais foi concedido esse prêmio antes, ao mestre de judô Kyuzo Mifune e aos mestres de kendo, Kinnosuke Ogawa e Seiji Mochida. No dia 28 de fevereiro de 1961, Morihei viajou aos Estados Unidos, convidado pelo Aikikai do Havaí. Durante essa visita o fondador declarou o seguinte: "Vim ao Havaí para construir uma 'ponte prateada'. Até hoje fiquei no Japão construindo uma 'ponte dourada' para unir o Japão mas, de agora em diante, meu desejo é construir uma ponte para ligar diferentes países e do mundo na harmonia e no amor contidos no Aikido. Penso que o aiki, produto das artes marciais, pode unir todas as pessoas do mundo em harmonia, no verdadeiro espírito do budo, abraçando a todo o mundo em um amor único e igual."No dia sete de agosto de 1962, um grande festival foi celebrado no Santuário Aiki em Iwama, para festejar o sexagésimo aniversário de Morihei como praticante das artes marciais e, em 1964, ele recebeu um prêmio especial do Imperador Hirohito, em reconhecimento à sua contribuição para as artes marciais. A cerimônia do início da construção do novo Hombu Dojo em Tóquio foi realizada em 14 de março de 1967. No mesmo dia, Morihei celebrou a primeira cerimônia para a colheita do ano novo em Iwama. Em 25 de dezembro do mesmo ano, o novo dojo, um prédio moderno, com três andares, feito de concreto, foi concluído. Um dos quartos foi usado pelo fundador como dormitório e local de estudo, e é conhecido atualmente como o Quarto dos Materiais do Fundador. Em 12 de janeiro de 1968, uma cerimônia comemorativa foi realizada em homenagem à conclusão da obra do novo Hombu Dojo, e Morihei falou sobre o importância da essência das técnicas do Aikido. Mais tarde, nesse ano, Morihei daria sua última demonstração de Aikido, no Kokaido em Hibiya, em homenagem ao término da construção do novo prédio.
No dia 15 de janeiro de 1969, Morihei participou das comemorações do ano novo no Hombu Dojo. Mesmo parecendo estar com a saúde impecável, sua condição física deteriorou-se rapidamente, vindo a falecer pacificamente em 26 de abril de 1969, às 17 horas.
Uma vigília foi realizada no Hombu Dojo no dia 1º de maio, a partir das 19:10 e, no mesmo dia, foi consagrada ao fundador uma condecoração póstuma pelo Imperador Hirohito. Suas cinzas foram depositadas no cemitério de Tannabe, no templo da família Ueshiba, e mechas de seu cabelo foram guardadas em relicários no Santuário Aiki, em Iwama, no cemitério da família Ueshiba, em Ayabe, e no Grande Santuário de Kumano. Kishomaru Ueshiba foi eleito para suceder seu pai como Aiki Doshu, por decisão unânime do Aikikai, em 14 de junho de 1970.
Nota Interessante sobre a origem:
Os fatos históricos relacionados ao assunto AIKIDO originam-se por volta do ano 1.000 d.C., período do imperador Seiwa, época de famílias e personalidades famosas, tais como a de Minamoto, príncipe Sadosume, entre outros. Um dos descendentes, Minamoto Yoshiie chegou a um posto que atualmente se compararia ao de Primeiro Ministro, seu irmão Shinran Saburo Yoshimitsu, um samurai de destaque, desenvolveu uma arte marcial diferente de todas as praticadas até então, que denominou AIKI NO JUTSU. Era hábito da época evitar que essas artes fossem ensinadas a todos, restringindo o conhecimento a alguns poucos escolhidos. Até mesmo dentro da própria família, apenas alguns tinham tal oportunidade.Shinran Saburo Yoshimitsu passou os segredos dessa arte para seu segundo filho e este se mudou para a região do Japão hoje conhecida como Yamanaki-ken, cidade de Kofu, passando a usar o nome de Takeda Yoshikio, tornando-se Daimyo desta região. Passou chmar de TAKEDARYU AIKI NO JUTSU aquela arte marcial, tornado-se seu Kaisso(Fundador). Por volta do ano de 1570, já no 25º Dai(Sucessor), na pessoa de Takeda Nobutora, pai do famoso Takeda Shinguen com quem não se dava muito bem, só ensinou os segredos dessa arte ao filho caçula, Takeda Nobutomo, e ao seu principal aluno, Takeda Kunitsugu.Takeda Shinguen tornou-se mestre da arte da guerra, atividade que foi a razão da sua vida. Por sua vez, encontrou um adversário à sua altura, contra quem lutou durante sete anos, Uessugui Kenshin. A região dominada por Takeda Shinguen não tinha acesso ao mar; sendo o sal um produto vital, os Daimyos seus inimigos impediram que o sal chegasse à sua região. Seu arquiinimigo, Uessugui Kenshin, apesar de estar em guerra contra ele, continuou a vender-lhe o sal, pois entendia que o povo não deveria pagar pela guerra de seus senhores. Após a morte de Takeda Shinguen o domínio passou para as mãos de Oda Nobunaga, perdendo a família Takeda todo o seu poder e propriedades.Devido às perseguições, normais nestas situações, Takeda Nobutomo (26º Daí) e seu filho Takeda Katitio (27º Daí) retiraram-se para a região de Kyushu. Unindo-se ao Daimyo Kuroda, prosseguiram ensinando esta arte que atualmente encontra-se no 43º Daí, na pessoa do mestre Oba Kazuo.
DAITORYU JIUJUTSU — A época da dominação da região pertencente à família Takeda por Oda Nobunaga, o principal aluno de Takeda Nobutora, Takeda Kunitsugu, refugiou-se na região de Aizu, Fukusima Ken, juntando-se ao Daimyo Roshina, onde passou a ensinar o TAKEDARYU AIKI NO JUTSU. Nessa localidade adotou o nome de Daito Fussa No Suke e denominou aquela arte marcial de DAITORYU JIUJUTSU, tornando-se seu Kaisso. Esta denominação permanece até os dias de hoje.É interessante notar que tanto o TAKEDARYU AIKI NO JUTSU como o DAITORYU JIUJUTSU são no fundo as mesmas artes, pois as origens são exatamente as mesmas. Outro ponto a se notar é que mudanças de nomes de pessoas ou da arte marcial eram normais nos momentos de perigo, tendo em vista a sua sobrevivência.

Jigoro Kano


Nascido em 28 de outubro de 1860, em Mikage, prefeitura de Hyogo no Japão, terceiro filho de Jirosaku Mareshiba Kano, alto funcionário da marinha imperial, seus pais queriam que seguisse a carreira de diplomata ou político, mas Jigoro Kano preferiu o magistério, embora de personalidade marcante, possuía físico franzino, medindo 1,50 metros de estatura e pesando uns escassos de 48 kg, o que dificultava o seu ingresso na maioria dos esportes. Em 1871 com 11 anos de idade foi mandado para Tóquio para estudar o idioma inglês, então indispensável para o progresso em qualquer sentido e que, possibilitou mais tarde tornar-se professor e tradutor dessa língua e ainda montar sua própria escola em Tóquio, a Kobukan (escola de inglês).
Aos 16 anos, decidiu fortificar o corpo, praticando a ginástica, o remo e o basebol. Mas estes desportos eram demasiados violentos para sua débil constituição. Além disso, nas brigas entre estudantes, Kano era sistematicamente vencido. Ferido na sua qualidade de filho de um Samurai decidiu estudar o
jiujitsu. Quem lhe ensinou os primeiros passos foi o professor Teinosuke Yagi. Posteriormente, em 1877, matriculou-se na Tenshin Shinyo Ryu, sendo discípulo do mestre Hachinosuke Fukuda. Em 1879, com a idade de 82 anos, Fukuda morreu e Kano herdou seus arquivos. Tornou-se em seguida aluno do mestre Masatomo Iso, um sexagenário que possuía os segredos de uma escola derivando igualmente do Teshin Shinyo Ryu.
Continuando o seu treinamento, Jigoro Kano torna-se vice-presidente da escola. Infelizmente, Masatomo Iso, morreu muito cedo e Kano novamente encontrou-se sem professor. Contudo Kano continuou a treinar intensamente, mas um bom professor lhe era indispensável. Foi então que procurou o mestre Tsunetoshi Likugo que lhe ensinou a técnica da escola Kito Ryu. Como Kano até então só praticara sempre as lutas corpo a corpo, sempre usando roupas normais, a escola de Kito ensinou-lhe o combate com armadura. Pouco a pouco, Kano fez a síntese das diversas escolas criando um sistema próprio de disciplina, continuando, no entanto a treinar com o mestre Likugo até 1885.

Kodokan
Em fevereiro de 1882, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola denominada Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade). A Kodokan estava localizada no segundo andar de um templo budista Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, onde havia doze jos (jo medida de superfície, módulo de tatame). O primeiro aluno inscreveu-se em 05 de junho de 1882, chamava-se Tomita. Depois vieram Higushi, Arima, Nakajima, Matsuoka, Amano Kai e o famoso Shiro Saigo (Sugata Sashiro). As idades oscilavam entre 15 e 18 anos. Kano albergou-se e ocupou-se deles como se fosse um pai. Foi um período difícil, mas apaixonante, o jovem professor não tinha dinheiro e o shiai-jo media 20m², mas a escola progrediu e em breve tornou-se célebre.

Eu estudei jujutsu não somente porque o achei interessante, mas também, porque compreendi que seria o meio mais eficaz para a educação do físico e do espírito. Porém, era necessário aprimorar o velho jujutsu, para torná-lo acessível a todos, modificar seus objetivos que não eram voltados para a educação física ou para a moral, nem muito menos para a cultura intelectual. Por outro lado, como as escolas de jujutsu apesar de suas qualidades tinham muitos defeitos - concluí que era necessário reformular o jujutsu mesmo como arte de combate. Quando comecei a ensinar o jujutsu estava caindo em descrédito. Alguns mestres desta arte ganhavam a vida organizando espetáculos entre seus alunos, por meio de lutas, cobrando daqueles que quisessem assistir. Outros se prestavam a ser artistas da luta junto com profissionais de sumô. Tais práticas degradantes prostituíam uma arte marcial e isso me era repugnante. Eis a razão de ter evitado o termo jujutsu e adotado o do judô. E para distinguí-lo da academia Jikishin Ryu, que também empregava o termo judô, denominei a minha escola de Judô Kodokan, apesar de soar um pouco longo.

Técnicas
Jigoro Kano desenvolveu as técnicas de amortecimento de quedas (ukemis), bem como criou uma vestimenta especial para o treino do judô (o judogui), pois o uniforme utilizado pelos cultores de jujutsu, denominado hakamá provocava freqüentemente ferimentos. A nova arte do mestre tinha duas formas distintas, uma abrangia as técnicas de queda, imobilizações, chaves e estrangulamentos. Essa forma evoluiu para o esporte e a outra parte consistia nas técnicas de golpear com as mãos e os pés, em combinações com agarramentos e chaves para imobilização, inclusive ataques em pontos vitais,
atemi-waza. Essa forma evoluiu para a defesa pessoal, goshin-jutsu.




Morte
Jigoro Kano nos legou vários manuscritos, nos quais em geral assinava com pseudônimos, dentre estes, um muito usado por ele era "Ki Itsu Sai" que quer dizer, tudo é unidade. Kano também era poliglota, pois falava quatro línguas além do japonês, francês, alemão, inglês e espanhol. Lamentavelmente a 04 de maio de
1938, morre Jigoro Kano de problemas pulmonares, a bordo do transatlântico "Hikawa Maru", quando voltava do Cairo, onde havia presidido a assembléia geral do comitê internacional dos jogos olímpicos. Não houve para ele tempo de assistir a Universidade do Judô, mas tinha certeza da sua perpetuação. "Quando eu morrer, o Judô Kodokan não morrerá comigo, porque muitas coisas virão a ser desenvolvidas se os princípios de minha arte continuarem sendo estudados".

Cronologia
1860 – Nasceu em Mikage, prefeitura de Hyogo em 28 de outubro. Terceiro filho de Jirosaku Mareshiba Kano, ele recebeu o nome de infância Shinnosuke.
1871 – Ingressou na Seitatsu Shojuku, uma escola privada de
Tóquio, onde ele recebeu aulas de Keido Ubukata.
1873 – Entrou na Ikuei Gijuku, uma escola privada em Karasumori, Shiba, Tóquio. Recebeu instruções especiais em Inglês e Alemão de professores nativos.
1874 – Ingressou na escola de línguas estrangeiras de Tóquio.
1875 – Ingressou na escola Kaisei.
1877 – Ingressou na escola Tenshin Shin’Yo e estudou com Hachinosuke Fukuda.
1878 – Fundou o primeiro clube de basebol do
Japão (Kasei Baseball Club).
1879 – Estudou o
jujutsu na escola do mestre Masatomo Iso.
1881 – Formou-se pela Universidade Imperial de Tóquio, em Literatura, Ciências Políticas e Política Econômica. Estudou o
jujutsu na escola Kyto-Ryu com o mestre Tsunetoshi Likugo.
1882 – Começou a dar palestras e mais tarde passou a professor em Gakushuin. Fundou a
Kodokan. Terminou seus estudos de Ciências Estéticas e Morais.
1883 – Fundou o Kobukan, uma escola para estudantes chineses e passou a ser Diretor.
1884 – É adido ao Palácio Imperial.
1885 – Obteve a 7ª Categoria Imperial.
1886 – Passou a vice-diretor da Gakushuin. Obteve a 6ª Categoria Imperial.
1889 – Deixou de ser vice-diretor em Gakushuin para aceitar na Casa Imperial um cargo. Fez uma viagem à Europa, onde visitou organizações educacionais.
1891 – Casou-se com Sumako, filha mais velha do então embaixador coreano, Seizei Takezoe, da qual teve nove filhos, seis meninas e três meninos. Tornou-se diretor da quinta escola de segundo grau, na prefeitura de Kumamoto. Em abril é nomeado conselheiro do Ministro da Educação Nacional.
1893 – Tornou-se diretor da primeira escola de segundo grau de Tóquio, subseqüentemente diretor da escola normal de Tóquio.
1895 – Obteve a 5ª Categoria Imperial.
1897 – Demitiu-se da escola normal de
Tóquio, mas tarde, aceita seu cargo de volta. Criou a sociedade Zoshi-Kai e funda os institutos Zenyo Seiki, Zenichi, para a cultura dos jovens. Editou a revista “Kokusai”.
1898 – Foi diretor da educação primária no Ministério da Educação Nacional.
1899 – Tornou-se presidente da comissão do Butokukai (Centro de Estudos das Artes Marciais).
1901 – Tornou-se diretor da escola normal de Tóquio pela terceira vez. Nesta época, o judô e o kendô alcançam uma grande popularidade.
1902 a 1905 – Foi enviado por duas vezes a China pelo Ministro Nacional em missão cultural. Em outubro de 1905 obteve a 4ª Categoria Imperial.
1907 – Fundou no Butokukai os três primeiros katas do judô.
1909 – Tornou-se o primeiro japonês membro do comitê olímpico internacional. Modificou os estatutos do
Kodokan, tornando-o uma entidade pública.
1911 – Foi eleito presidente da Federação Desportiva do Japão.
1912 – Foi enviado em missão cultural à Europa e América.
1915 – Fundou a revista Kodokan. Recebeu do rei da Suécia por ter participado ativamente da organização dos 7º Jogos Olímpicos a medalha de honra ao mérito.
1920 – Consagrou-se inteiramente ao judô. E julho, assistiu aos Jogos Olímpicos de Antuérpia, visitando depois a Europa.
1921 – Demitiu-se da presidência da Federação Desportiva do Japão.
1922 – Eleito membro da Casa dos Nobres.
1924 – Foi nomeado professor honorário da Escola Normal Superior de Tóquio (Tóquio Higner School).
1928 – Esteve presente nos
Jogos Olímpicos em Amsterdã como membro do COI.
1932 – Deslocou-se aos Estados Unidos para assistir aos
Jogos Olímpicos de Los Angeles. Tornou-se conselheiro do gabinete de Educação Física do Japão. Participou por duas vezes no Conselho dos Jogos Olímpicos que lançara o convite para os jogos japoneses (1932-1934).
1936 – Assistiu aos XI Jogos Olímpicos de Berlim.
1938 – Esteve na Reunião do COI no
Cairo, onde propôs que Tóquio fosse escolhida como sede dos XII Jogos Olímpicos. Morreu em 04 de maio, no mar, na viagem de volta. Recebeu a título póstumo o 2º Grau Imperial.
Essas são algumas de suas muitas atividades, outras não foram aqui mencionadas, sabendo-se que a sua busca de realizações foram muito além do normal, notadamente para quem como Kano introduziu também o desporto e a educação física no plano educacional do Japão, fato esse já seria suficiente para perpetuar seu nome como educador e como esportista.
Por tudo que esse grande mestre nos legou, concluímos que ele sempre esteve muito avançado sobre o seu tempo. Hoje, nosso mestre é cultuado em sua pátria e também em todos os países do mundo.
Dos mais modestos aos mais requintados dojos, centenas de milhares de esportistas usufruem de sua obra: o JUDÔ.


Jigoro Kano aclama o Aikido como Budo ideal.
No outono de 1925, depois de insistentes pedidos de seu admirador, Almirante Isamu Takeshita, Morihei Ueshiba foi a Tóquio para realizar uma demonstração de
Aikido diante de uma distinta platéia, entre a qual se encontrava o ex-primeiro ministro Conde Gonnohyoe Yamamoto.
O Conde Yamamoto ficou profundamente impressionado pela demonstração do fundador do Aikidô e solicitou-lhe que dirigisse um seminário especial de 21 dias, no palácio anexo de Aoyama, para especialistas de alto nível de Judô e Keido do pessoal da Casa Imperial.
Em outubro de 1930, Jigoro Kano, fundador do Judô Kodokan, teve oportunidade de ver a arte magnífica do mestre Morihei Ueshiba, o
Aikido, e aclamou-a como Budo ideal, e até mesmo, enviou-lhe alguns de seus melhores alunos.
Atribuídas
“O adversário é um parceiro necessário ao progresso, a vida da humanidade baseia-se neste princípio”.
“Não se envergonhe por causa de um erro, você estaria cometendo uma falta”.
“É somente através da ajuda mútua e das concessões recíprocas que um organismo agrupando indivíduos em número grande ou pequeno pode encontrar sua harmonia plena e realizar verdadeiros progressos”.
“Vencer o hábito de usar a força contra a força é uma das coisas mais difíceis do treinamento do judô. Caso não se consiga isto não se pode esperar progresso”.
“A simplicidade é a chave de toda arte superior, da vida e do judô”.
“Sutileza na técnica e finura na estética são úteis para a eficácia da arte, mas escapam a qualquer descrição”.
“A derrota na competição e no treinamento não deve ser uma fonte de desânimo ou de desespero. É sinal da necessidade de uma prática maior e de esforços redobrados”.
“Se é por vezes permitido ter excesso de zelo, isto sempre acaba por tornar-se uma fonte de perigo”.
“Os katas são a estética do judô. É no kata que está o espírito do judô, sem o qual é impossível perceber o objetivo”.
“Será que existe um princípio que realmente se aplique a todos os casos? Sim, existe um, é o princípio da eficácia máxima na utilização do espírito e do corpo. Dei a este princípio, de uma generalidade absoluta, o nome de Judô”.
“O judô ultrapassou o estágio primitivo da utilidade para atingir o de uma ciência e de uma arte”.
“A estabilidade mental (ou uma calma inabalável) é um fator importante numa luta de judô. Seria ainda mais importante caso se tratasse de uma luta de vida ou morte”.
“A questão principal é elevar-se acima do problema da vida e da morte da sensação de temor e de apreensão”.
“O judô deve existir para o benefício do homem e não o homem para o judô (competição)”.
“Em qualquer espécie de treinamento o ponto mais importante é libertar-se dos maus hábitos”.
“A idéia de considerar os outros como inimigos só pode ser loucura e fonte de regressão”.
“O judô deve ser mantido acima de toda a escravidão artificial. As novas invenções devem tornar-se conhecimentos comuns”.
“O judô é uma arte e uma ciência. Ele deve ser mantido acima de toda a escravidão artificial e deve ser livre de qualquer influência financeira, comercial e pessoal”.
“O valor de uma coisa depende da maneira como a abordamos mentalmente e não da coisa em si”.
“O alto valor da habilidade e da qualidade da arte só pode ser obtido elevando-se acima da dualidade da competição”.
“O judô não deve ser revestido por um rótulo nacional, racial, político, pessoal ou sectário”.
“Quando se percebe a potência do judô, compreende-se que não pode usá-lo levianamente, pois ele pode ser tão perigoso quanto uma espada desembainhada”.
“O melhor uso que se pode fazer de uma espada é não utilizá-la, o pior é servir-se dela”.
“Ambição e rivalidade, cuidadosamente dosadas, são estimulantes do progresso. Porém em quantidade excessiva, transformam-se em venenos destrutivos”.
“À medida que se progride no estudo do judô, o sentido de confiança em si mesmo, base do equilíbrio mental, se desenvolve”.
“A habilidade é função de um ato inconsciente automático. O controle consciente de todos os fatores é impossível, pois uma entrada só é possível num espaço de tempo igual ao de um raio”.
“As fonte estimulantes da ação são o instinto criador e o espírito de aventura”.
“A situação do mundo e dos assuntos humanos, atualmente, se assemelham muito à dos principiantes sobre a esteira de judô”.
“A saída de vida depende do jogo harmonioso de nossos instintos”.
“Nossos braços são movidos pelo deslocamento do corpo do adversário. Como se dele fizessem parte”.
“Tender a perfeição é o princípio do treinamento de judô”.
“A despeito das aparências ‘eu’ e ‘mim’ são os fatores mais negligenciados no pensamento humano”.
“Cada ação do corpo é tão importante quanto um elo numa corrente”.
“Sem uma clara compreensão do sentido do movimento não se podem esperar progressos reais”.
“O conhecimento do corpo para ser eficaz não é necessariamente o alto conhecimento científico do engenheiro, mas sim aquele, prático do operário”.
“Devemos nos lembrar que a essência do esporte não está na marca ou no escore, mas nos esforços e na habilidade despendidos para atingi-los”.
“A maneira de treinar depende de uma ação consciente, mas o objetivo do treinamento é conseguir o domínio da técnica, o que é inconsciente”.
“A dualidade e a condição da vida. Sem oposto nem contrastes, a vida não é vida”.
“O judô pode ser considerado como uma arte, ou uma filosofia do equilíbrio, bem como um meio para cultivar o sentido e o estado de equilíbrio”.
“Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e sobre tudo muita humildade.”

Takeda Sokaku

Takeda Sokaku - O Pequeno Demônio do Clã Aizu
Sem dúvida o último samurai de sua época, ensinou Daito ryu a Morihei Ueshiba.Uma longa relação entre mestre e aluno, em que o amor de um pelo outro disputava com o ódio.
A técnica de Morihei Ueshiba do período pré-guerra, como mostram essas fotos, ainda estava muito próxima do Daito ryu de Takeda Sokaku. O mestre Ueshiba em 1936, época em que posou para as sequências de técnicas no dojo de Seiji Noma.
Logo no começo do século 20, o governo japonês lançou um programa de desbravamento e de implantação de habitantes em territórios até então não ocupados, como em Shirataki por exemplo, situada no centro da ilha de Hokkaido e de clima muito rude.
Morihei Ueshiba, que tinha participado da guerra russo-japonesa deflagrada em 1904, estava desmobilizado há alguns anos e vivendo em Tanabe. Sua vida estava angustiante e ele não conseguia encontrar uma "missão" para realizar. Assim, logo que ouviu falar desse projeto, decidiu tornar-se pioneiro.
Em 1910, fez uma viagem de exploração a Shirataki e concluiu que a terra, ainda que virgem, era bastante fértil para fornecer boas colheitas.
Recrutou então homens e mulheres para empreender a aventura com ele. Em 29 de março de 1912, arcando com os custos da expedição - com o dinheiro de seu generoso pai - partiu para Shirataki, à frente de uma cinquentena de casais. Deixou sua mulher em Tanabe, com seu filho de um ano, a qual deveria juntar-se a ele mais tarde.
A vida dos pioneiros era dura. As colheitas dos três primeiros anos foram particularmente magras. Mas sua coragem não enfraqueceu e foi recompensada. Pouco a pouco, as coisas foram se arranjando e o povoamento de Shirataki foi um sucesso. É nessa época de sua vida que Morihei Ueshiba, na força da idade e confiante em sua força e em seus conhecimentos de artes marciais, iria encontrar aquele que ele chamava de pequeno demônio de Tengu.
Estamos em 1915. Takeda Sokaku já era célebre e seus feitos no combate contra os bandidos haviam lhe conquistado as graças da polícia, que não hesitou em chamá-lo para formar seus homens. Ele tinha cinquenta anos nessa época. Pequeno no tamanho mas dotado de uma força física extraordinária, era animado de um espírito guerreiro particularmente forte. Mestre da espada e detentor de uma arte temível, o Daito ryu Aiki jujutsu, era um personagem fora do comum.
Takeda Sokaku nasceu em 10 de Outubro de 1859 em Oike, no município de Fukushima, região conhecida pela valentia de seus samurais. Homens, mulheres ou crianças, todos eram animados de um espírito guerreiro muito vivo: Takeda Sokaku pertencia ao clã dos Aizu. Era o segundo filho de uma família de quatro irmãos.
Quando se deu a Restauração Meiji, em 1868, Takeda Sokaku tinha nove anos. Em 1876, quando tinha dezessete anos, os samurais perderam o direito de usar o último símbolo de sua classe de guerreiros, qual seja o porte de suas espadas.
Essa modificação do regime político teve como consequência o fato de que numerosos samurais se encontraram sem emprego, ainda que o Estado lhes desse uma pequena pensão. As antigas formas de combate tornaram-se obsoletas, numerosos sistemas de artes marciais tombaram no esquecimento, enquanto outros transformaram-se em sistemas educativos. O aspecto de auto-defesa foi privilegiado em detrimento da aprendizagem de técnicas mortíferas, que tinha sido até então a prioridade das escolas de artes marciais.
O que se vê então é os dojos levantarem o véu que cobria seus segredos e se abrirem a um público vasto. Os antigos dojos de jujutsu voltam-se para uma atividade mais esportiva. O exemplo mais conhecido é o judo. Paralelamente, também os samurais diversificaram seus interesses e suas atividades. Começaram a ocupar-se do comércio, setor que estava desprezado há centenas de anos. Encontramos ainda hoje sociedades prósperas, criadas por esses novos "homens de negócios".
Sokichi Takeda, pai de Sokaku, era um membro importante de um forte clã. Havia participado e se destacado em numerosas batalhas.Era portanto conhecedor das artes da guerra. Havia estudado a lança da escola Hozoin, o bastão e o Kenjutsu, mas preferia o sumo. Era um lutador de alto nível.
Assim, Sokaku Takeda, por suas origens, foi naturalmente educado dentro da tradição dos antigos valores feudais ... infelizmente em uma época em que o Japão, com a restauração Meiji, vivia justamente sua revolução silenciosa que devia, segundo seu governo, aproximá-lo do Ocidente.
A educação de Sokaku Takeda começou desde a infância pela aprendizagem das armas. Seu pai ensinou-lhe o que sabia: a lança, o bo e o kenjutsu da escola Ono Há Itto ryu, desejando ainda que ele aprendesse a ler e a escrever, porque acreditava que isso iria lhe servir no futuro.
Sokaku, de um temperamento voluntarioso, precoce para sua idade, teimou em recusar-se a ir à escola. Como ele se obstinava a não querer aprender, seu pai resolveu forçá-lo. Ele tinha treze anos. Conseguiu convencer seu pai de sua vontade de estudar como uchi deshi com Kenkichi Sakukibara, que ensinava em Tokyo. Sokichi Takeda era amigo pessoal desse célebre mestre e pôde portanto recomendar-lhe seu filho. Foi assim que, durante três anos, ele estudou no Jikishinkage ryu dojo, o kenjutsu, o bo, a lança, o arco e flecha, o kusarigama (foice e corrente) e a naginata (alabarda).
Aos dezesseis anos, em 1875, Takeda Sokaku havia se tornado um temível combatente. Nesse ano, surprendido em uma emboscada, conseguiu se salvar golpeando as pernas de cinco ou seis de seus agressores. No ano seguinte, foi atacado por três bandidos. Mata um e os outros dois fogem.
Esse tipo de façanha começou a inquietar seu pai. Assim, decide que era melhor que ele se tornasse monge. Envia-o para Chikanori Hishono, o chefe do clã Aizu. Este havia tomado a decisão, depois que os membros de sua família tinham sido dizimados pelas guerras precedentes, de se retirar para o Templo Tsutsukowake, em Fukushima.
Sokaku concorda mas não demora mais que duas semanas para decidir que iria tornar-se Musho Shugyosha, indo de dojo em dojo para aprender com diferentes mestres. Foi assim que chegou a Osaka e estudou espada com outro célebre mestre, Momonoi, amigo de Kenkichi Sakakibara.
Ele viaja e aprende o que lhe interessa. Assim que, ao final de seu périplo, encontra um expert em karate. Decide então ir para Okinawa onde, durante dois anos, treina junto a diferentes mestres. Em 1880, esteve em Kumanoto, onde estudou a lança. Essa era verdadeiramente sua arma de predileção junto com uma espada de grande valor, forjada por um mestre célebre, Kotetsu, e que ele portava às costas ... apesar da proibição editada em 1876 pelo governo, que havia suprimido o privilégio do porte de espadas, reservado aos samurais.
Foi nesse ano que ele se bateu sòzinho contra uma trintena de pedreiros e trabalhadores de terraplenagem. Matou vários e foi preso pela polícia. Após o inquérito, pôde provar que eram bandidos. Foi solto, mas sua preciosa espada foi confiscada.A partir desse período, pouco se sabe de sua vida durante os dezoito anos que se seguiram.
Sabe-se que ele se casou e sobretudo que se encontrava frequentemente com Chikanori Hishono que, tendo se tornado monge, havia mudado seu nome para Tanomo Saigo. Este era detentor de uma arte secreta de defesa, reservada à elite encarregada da proteção do palácio. Essa arte era o oishiki-uchi.
Tanomo se desesperava por não encontrar alguém a quem transmitir sua arte. Havia ensinado suas técnicas a seu filho adotivo, Shiro Saigo, que a seguir iria desempenhar papel importante nos primeiros dias do Kodokan, quando os judokas de Kano tinham de enfrentar os desafiantes das antigas escolas de jujutsu.
Foi durante essas numerosas visitas a Tanomo Saigo - vamos chamá-lo assim - que ele estudou o oishiki uchi. Julgando sem dúvida que essa arte punha muita ênfase no ritual e no cerimonial, Takeda Sokaku, seguro de sua experiência e de seus conhecimentos em artes marciais, o modifica. Chama seu estilo de Daito ryu aiki jujutsu. Tanomo Saigo o convence a tornar pública sua arte.
Takeda Sokaku levou uma vida errante durante toda sua existência. Sua reputação havia lhe aberto as portas da polícia e esta apelou a ele em diversas vezes para que resolvesse certos assuntos delicados e para que formasse seus homens. Passou um período a ensinar no norte do Japão e se instalou durante certo tempo em Hokkaido. Ensinava em uma sala de um albergue em Engaru, quando em 1915 Morihei Ueshiba teve a sorte de encontrá-lo.
Ueshiba foi seduzido pelo valor técnico desse mestre que dava os cursos na forma que hoje chamamos de estágios. Morihei Ueshiba se inscreveu num deles por um período de dez dias e depois renovou sua inscrição. Em seguida, ele treinou o mais freqüentemente possível com o mestre e o convidou à sua própria casa, onde se ocupou dele como um discípulo servindo a seu mestre.
Em dezembro de 1919, Ueshiba recebe um telegrama informando que seu pai estava gravemente doente. Doa sua casa a seu mestre e deixa Hokkaido em direção a Tanabe, sua aldeia natal, para encontrar seu pai. Morihei Ueshiba nunca mais voltaria a Shirataki. Durante sua viagem de retorno encontra um outro mestre, Onisaburo Deguchi (1871-1947).
Morihei Ueshiba não retornou diretamente a Tanabe. Decidiu fazer uma volta por Ayabe para encontrar Deguchi, que havia instalado aí o centro principal da religião Omote-kyo. Foi imediatemente seduzido por esse personagem marginal, de espírito aventureiro e de vida agitada. Morihei Ueshiba parte então para Tanabe e volta para instalar-se com sua família em Ayabe.
Ainda que Ueshiba tenha ficado muito feliz em aprender a técnica de Sokaku Takeda, a personalidade deste último não poderia satisfazer a sede de espiritualidade que existia nele, desde sua infância. Paralelamente, as exigências do mestre começaram a pesar.
Com a concordância de Deguchi, Ueshiba constrói um dojo e, com a idade de trinta e seis anos, começa a ensinar o budo aos membros da Omotokyo. No final de abril de 1922, Takeda Sokaku chega a Ayabe com sua família (Tokimune tinha então seis anos). Não se sabe se ele foi convidado ou não, mas passou a ensinar durante quatro meses o Daito ryu aikijujutsu.
Diz-se que o encontro entre os dois mentores de Ueshiba foi desastroso. Deguchi, ao ver Takeda, afirma: "Este homem exala sangue e violência" e aconselhou Morihei Ueshiba a separar-se dele.
Takeda Sokaku deixou Ayabe em setembro de 1922, após ter concedido a seu aluno um certificado de mestre de Daito ryu. A partir de então, os encontros entre ele e seu aluno se espaçariam. Takeda Sokaku continuaria sua vida errante, ministrando seus estágios, enquanto seu aluno, após instalar-se em Tokyo, ensinava jujutsu.
Ainda que as relações entre os dois mestres fossem se distanciando, Takeda Sokaku visitava de vez em quando seu aluno em Tokyo. Este último, como mestre em Daito ryu, concedia por seu lado diplomas dessa arte como o atestam os recebidos pelos mestres Mochizuki, Kenji Tomiki, Shirata e Shioda, por exemplo, em 1936.
Esse ano marcará a ruptura definitiva entre os dois homens. Quando Morihei Ueshiba ensinava em Osaka na sede do jornal Asahi, Takeda Sokaku chegou sem aviso e declarou que ele era o mestre mais qualificado para ensinar o Daito ryu, uma vez que era o mestre de Ueshiba. A partir de então Ueshiba mudará o nome de sua disciplina para Aiki-budo.
Takeda Sokaku ensinou ainda por três anos na sede do Asahi, antes de retornar a Hokkaido. Morre em 1943 em Amori.As relações extremamente apaixonadas entre os dois mestres deixaram seus traços entre seus respectivos alunos. Elas explicam as reações apaixonadas que os animaram mas não impediram que, pela eternidade, o Daito ryu Aiki jujutsu tivesse influenciado fortemente o aikido, mais particularmente nos anos do pré-guerra. As fotos do mestre Ueshiba no Norma dojo testemunham isso.

Choi Yong Sul

최용술 - 崔龍述

Doju (도주em Hangul e 道主 em Hanja) é o título dado ao "Guardião do Caminho" do Estilo.

Choi Yong Sul nasceu em 1904, em Yong Dong, na província de Chungcheongbuk-do (ou Chung Buk, como antigamente era conhecida), Coréia, sendo levado como escravo (servente) para o Japão em 1912. Depois de diversas dificuldades (existem histórias controvesas sobre esta fase da vida de Choi), foi abandonado em um Templo Budista e, aos 11 anos, foi entregue ao Sokaku Takeda para desempenhar tarefas domésticas na su casa. Takeda deu-lhe o nome de Yoshida Asao ou Yoshida Tatujutu, e o manteve a seu serviço até 1946, logo após a guerra, quando Choi teve a oportunidade de voltar pra Coréia. Ao seu regresso, continuando com as dificuldades (existem histórias ainda mais controversas sobre esta fase da vida de Choi), ele estabeleceu-se em Taegu, onde iniciou o ensino do Yawara (nome freqüente dado ao Ju Jitsu no Japão da época) ou Yu Sul (pronuncia coreana do termo Ju Jitsu), até 1986, quando morreu aos 82 anos. O Doju Kim Yun Sang foi o único aluno que acompanhou a evolução técnica da Arte transmitida por Choi Yong Sul, até a sua morte.
Outro Mestres emigraram para o exterior (principalmente USA) e modificaram profundamente o Hapkido original, acrescendo mais Tekyon e, principalmente, técnicas de Si Pal Ki (técnica chinesa), com lógica e dinâmica totalmente opostas ao Yusul de Choi (incluído o uso de roupas extravagantes e uso intenso de armas chinesas). O resultado tem sido de qualidade duvidosa, na maioria das vezes. Diversos outros Mestres, fundadores de Artes Marciais modernas, como, por exemplo, Morihei Uyeshiba do Aikido e Doshin So do Shorin Ji Kenpo, também estudaram com Takeda. De fato, em Hanja / Kanji, a palavra Hapkido (Coreano) é Aikido (Japonês) são formas diferentes de pronunciar os mesmos ideogramas (合氣道); ou seja, são a mesma palavra. Da mesma forma, Hapkiyusul é a fonetização Coreana da palavra Aiki Ju Jitsu, em Japonês, utilizada por Takeda para nomear a sua Arte.
No entanto, o caminho tomado por Uyeshiba na modificação da técnica do Ju Jitsu original é bastante diferente ao conteúdo técnico do Hapkiyusul transmitido por Choi Yong Sul na Coréia, que manteve a sua contextualização Marcial original, acrescido de algumas técnicas de chute derivadas do Taekyon (limitadas e, em geral, baixas). Essa combinação foi denominada como Yu Kwon Sul (유권술 em Hangul e 柔拳術 em Hanja) ou Hapkiyukwonsul ( 합기유권술 em Hangul e 合氣柔拳術 em Hanja)
O nome Hapkido (합기도 em Hangul e 合氣道 em Hanja) foi utilizado só mais tarde, em 1963, tal vez criado por Ji Han Jae, o discípulo de Choi que, junto com Kim Mu Hyong, acresceu as técnicas de chute do Taekyon, sendo um dos grandes divulgadores desta forma modificada de Hapkisul, hoje conhecida no Mundo como Hapkido. No entanto, como já mencionado acima, Doju Nim Choi não ensinava esta forma modificada, sendo que a forma original do Yusul foi mantida por poucos Mestres e foi pouco divulgada no Ocidente.
Dada a personalidade difícil de Choi Yong Sul, ele deixou poucos discípulos diretos praticando a sua técnica original, sendo que os seus discípulos tomaram caminhos separados .
Ainda, existem diversas versões do Hapkido "moderno" criadas por vários desses discípulos, foram acresidas com técnicas de Si Pal Ki (derivado do estilo Tantui Chinês), complementando técnica da Arte original ensinada por Doju Nim Choi e que, através de Sokaku Takeda, recebera da linhagem de guerreiros fundada por Yoshimitsu Minamoto no Século XI, como complemento das técnicas de esgrima da casta Samurai do Japão.


O Samurai idoso


Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que adoravaensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria alenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulosapareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação:esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado deuma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidoscontra-atacava com velocidade fulminante.O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E,conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo,aumentando sua fama de vencedor.Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velhoaceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovemcomeçou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em suadireção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos -ofendeu inclusive seus ancestrais.Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceuimpassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, oimpetuoso guerreiro retirou-se.Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos eprovocações, os alunos perguntaram: Como o senhor pode suportar tantaindignidade ?Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podiaperder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, aquem pertence o presente ? - perguntou o velho samurai.- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre.**Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregaconsigo.